Ciganos
A Padroeira do Povo Cigano é Santa Sara Kali
Este povo milenar teve origem na Índia antiga, havendo diversas lendas a respeito da verdadeira razão que os levou a serem andarilhos. Foram obrigados a aprender o ofício da quiromancia (leitura das mãos), astrologia e outras sabedorias esotéricas, bem como firmarem uma nova língua, o romanês, para se protegerem das perseguições da época.
Em suas viagens, sempre buscando a liberdade e a paz, adquiriram respeitável sabedoria sobre as coisas da Terra. Por isso se diz, erroneamente, que são espíritos menos evoluídos porque trabalham muito mais com a matéria do que com o etéreo. Historiadores relatam que antes do ano 50 depois de Cristo, Maria Jacobina, Maria Salomé, Maria Madalena e uma serva de cor escura, Sara foram atiradas ao mar numa barca sem remos e sem provisões. Desesperadas, as três puseram-se a orar e a chorar, então Sara retira seu diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria "Escrava de Jesus", e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito.
Milagrosamente, a barca sem rumo atravessou o oceano e aportou com todas salvas em Peti-Rhône, onde hoje existe a cidade de Saintes Maries de la Mer (santas Marias do mar), na França. Na tradição cigana, todas as mulheres casadas devem usar um lenço, que é a peça mais importante de seu vestuário, a prova disso é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: “ Dalto chuçar diklô” – Te darei um lenço. Lendas diversas apontam que Sara teria falecido, após sua conversão ao Cristianismo; outras que teria sido uma Sacerdotisa do Deus Mitra; outras que teria origem Egípcia ou Africana, o que justificaria a sua pele negra. Porém o mais importante é o que ela representa para o Povo Cigano, que comemora suas festividades em 24 de Maio, quando milhares de devotos de quase todas as partes do mundo chegam em Saintes Marie de la Mer.
Santa Sara, pelas forças das águas Santas, pela força da Natureza, com seus mistérios, possas estar sempre ao meu lado. Nós, filhos dos ventos, das estrelas e da lua cheia, pedimos à senhora que sempre estejas ao nosso lado; pela figa, pela estrela de 5 pontas; pelos cristais que hão de brilhar sempre em nossas vidas. Que os inimigos nunca nos enxerguem, como numa noite escura, sem estrelas e sem luar. Santa Sara, nos abençoe; Santa Sara, nos acompanhe. Santa Sara, ilumine nossa Tenda, para que a todos que bata a minha porta, eu tenha sempre uma palavra de amor e de carinho. Santa Sara, que eu nunca seja uma pessoa orgulhosa, que eu seja sempre a mesma pessoa humilde.
São entidades que há muito tempo trabalham na Umbanda mas, sob domínio de outras linhas, como a linha da esquerda, a do oriente, entre outras. Essa é uma realidade que ocorre até hoje em Terreiros de Umbanda, que não trabalham com a linha propriamente cigana, onde naturalmente e erroneamente eles são confundidos, por exemplo, com Exus e Pombas Giras. Claro que temos na Umbanda Exus Ciganos e Pombas Giras Ciganas onde se apresentam como Cigano(a) das Almas, Cigano(a) do Cruzeiro ou coisa desse tipo, mas isso não representa que esses espíritos foram ciganos quando encarnados, esse fato só ocorre em ciganos que trabalham na vibração da direita. A sabedoria cigana sempre nos surpreende quando os vemos trabalhando na Linha Oriental.
Este povo nos limpa os chácras (centros energéticos) e revigora nosso corpo físico, usando a energia dos cristais e elementos da natureza (água, fogo, terra, flora, etc), bem como de artifícios mais palpáveis como as cartas ciganas. Portanto temos também espíritos Ciganos trabalhando na Linha Oriental, pois a energia de trabalho é a mesma – o que muda é a forma de manipular os fluídos – os ciganos usam uma relação material, enquanto o Povo do Oriente usam de energias espirituais. Felizmente, pouco a pouco os maravilhosos trabalhos com os Ciganos foram ganhando força dentro do ritual de Umbanda, surgindo então a linha de Ciganos na Umbanda.
Sempre se faz necessário deixar claro que Magia do Povo Cigano é um fator, e Entidades de Umbanda, como Cigano Pablo, Cigana Sâmara, Exu Cigano, Pombagira Cigana, é outro fator bem diferente. Existe uma pequena semelhança somente no poder da Magia, mas suas atuações são bem diferentes, pois as Entidades de Umbanda trabalham sob domínio da Lei e dos Orixás, conhecem Magia como ninguém e principalmente, não vendem soluções ou adivinhações. Entre as Legiões de Ciganos os nomes mais conhecidos são:
Vivi nesta terra a muito e muito tempo atrás.
Quando vivo, chefiava uma tribo de ciganos que na maior parte do tempo acampava pelas terras de Andaluza, como em minha tribo as tradições eram passadas de geração para geração e de pai para filho, herdei a chefia da tribo ainda jovem de meu pai.
Aprendi tudo que era necessário aprender com os antigos da tribo, que para nós ciganos, são as pessoas mais sábias sobre a face da terra.
Durante o tempo em que chefiei a tribo sempre recorri a eles em busca de sabedoria para solucionar problemas ou quando tinha dúvidas ou quando necessitava tomar qualquer decisão que fosse de maior responsabilidade, nunca gostei de tomar qualquer decisão, sem antes consultar a sabedoria dos antigos.
Quando nasci, fui prometido como todos os ciganos a filha de um dos ciganos da tribo, crescemos juntos e aprendemos a gostar um do outro e assim foi até atingirmos a idade necessária para contrairmos o matrimonio, enquanto isso aprendi com os antigos, todos os truques e todas as magias ciganas.
Tornei-me um grande conhecedor de magias e adquiri um pouco da sabedoria dos antigos.
Chegada à época das núpcias, casamo-nos aos quinze anos de idade, aprendemos juntos como liderar a nossa tribo.
Tivemos três filhos machos.
Segundo a tradição todos foram prometidos e assim seguimos nossos caminhos, com muita alegria e muita fartura.
Trabalhávamos arduamente cada um em seu oficio em prol da coletividade.
Com os filhos crescendo e a nossa felicidade a largos passos, começaram os problemas, o meu primogênito, ao qual cabia substitui-me na liderança da tribo, resolveu rebelar-se contra a nossa tradição, não querendo aceitar o acordo de núpcias feito entre nossa família e a de sua prometida, assim causando um conflito na tribo, como se não bastasse, resolveu envolver-se com outras moças da tribo, causando o desagrado de todos os homens que já se estavam como ele prometidos a essas moças, até que seus atos o levaram a um conflito direto com um dos jovens da aldeia, e pelas leis da tribo, levaram a um duelo pela honra.
Eu já sabia de antemão como terminaria esse duelo, pois, com a sua revolta, o meu filho não quis aprender comigo a arte de duelar, com isso encontrava-se despreparado para o duelo.
Vendo-me com grande dor no coração por saber-me impotente em relação ao fato de também se fazer cumprir a lei da tribo (essa lei nunca havia sido utilizada na tribo).
Tornei-me introspectivo e voltei-me para os antigos em busca de consolo. Sabendo os antigos pelo grande amor que nutria por meu primogênito, mostraram-me que havia uma maneira não muito ortodoxa de poupar o meu filho da morte certa, porem, sendo um bom lutador e tendo o conhecimento da magia do duelo, sabia também que não deveria vencer o jovem.
Assumi o lugar de meu filho (deveria morrer em seu lugar).
E assim fiz, desencarnei nas mãos de um jovem cigano irado com o fato de meu filho ter desonrado a sua prometida.
Deixei em desgraça uma jovem mulher e três filhos rezando a Santa Sara para que cuidasse de todos.
Durante o tempo que me foi permitido velar por minha tribo e minha família, fiquei ao lado de todos tentando colocar algum juízo na cabeça de meu filho, esperando que depois do fato acontecido ele resolvesse aceitar o seu destino, mesmo depois de tudo o que fiz, esse meu filho ainda se rebelou com o que fiz, continuou em sua busca de algo que nem ele sabia o que era.
Nessa sua busca desse algo, foi levando em seus passos o meu segundo filho, que sem o pai, estava completamente envolvido pelo irmão mais velho, tentei de todas as maneiras que pude e me foi permitido, influenciar ao primogênito o sentido de dever, não conseguindo meu intento e vendo que o meu tempo estava se escoando, fiz o que qualquer pai amoroso faria, mudei o meu objetivo para o segundo filho, que com mais jeito que o mais velho aceitou tudo o que eu pude passar para ele.
Descobri então que com o segundo filho, tudo era mais fácil, pois, este já trazia de berço todos os dons que me foram passados por gerações, então investi neste, sempre com o intuito de regenerar o mais velho, indicando ao mais novo o caminho dos antigos, fiz com que este filho conseguisse com o seu carinho trazer o mais velho de volta, pois o segundo filho mostrou-se mais sábio que o pai e abrindo os olhos do primeiro filho o trouxe para o seio da tribo.
Depois de regenerado o meu primeiro filho retomou o seu lugar na tribo, ocupou o meu lugar, o qual o meu segundo filho controlou com muita sabedoria, ate a volta do irmão.
Ai eu pude seguir o meu caminho no astral ate o dia em que pude tornar a encontrar a minha amada, e voltar a montar a minha tribo no astral.
CIGANA DA PRAIA
CIGANO RAMIRES
CIGANA MARISOL